domingo, 13 de novembro de 2011

De alguma forma todos somos deficientes... e todos somos inclusos

                      
Prof. Amilcar Bernardi 

Para alguém ser inserido no mercado de trabalho, o ambiente escolar e o consequente aprendizado, são a condição sine qua non. O mesmo acontece no que se refere à inclusão do jovem na linguagem gramaticalmente correta. Idem na sua inclusão nas artes e nas grandes obras literárias. Privar alguém saudável do ambiente escolar é privar esta pessoa da vida em plenitude.  Quem não lê eficientemente é um deficiente para a leitura, quase um cego. Quem não domina a linguagem técnica do direito, é quase um deficiente auditivo num julgamento onde é réu. Não conviver e aprender na escola é um prejuízo enorme na vida do cidadão na polis. Se a escola não inclui as pessoas no mundo social e do conhecimento, não é uma escola. É outra coisa.

As crianças aprendem a dividir seus brinquedos com os coleguinhas. Desenvolvem a capacidade de negociar espaço nos recreios e nas brincadeiras coletivas. Descobrem qual a postura social adequada e a linguagem esperada no convívio. Junto com o aprender a comportar-se no ambiente público, vem a aprendizagem do Português, da Matemática e da Ciência.  Se uma criança ficar em casa com professores particulares, e com amplo acesso a materiais educativos, mesmo assim, sua aprendizagem global será diferente daquelas crianças incluídas na escola. Estar fora da comunidade aprendente cria algum tipo de deficiência, ou seja, a criança apresentará ausência de alguma coisa, uma incompletude. A escola é o lugar natural da superação de deficiências para todos.  Neste contexto, a inclusão legal dos deficientes físicos e/ou mentais na rede de ensino, apenas ratifica a universalidade do direito à matrícula na escola. 

A inclusão de qualquer pessoa na escola e o que a escola faz dela na cultura é de suma importância social.

Incluir na escola não significa apenas juntar pessoas numa sala de aula. É preciso profissionais especializados, estrutura adequada e um ambiente de aceitação. Incluir é dar tempo diferente aos diferentes. Incluir na escola é avaliar a aprendizagem, de acordo com as possibilidades individuais de aprender. Uma escola inclusiva não tem uma metodologia, têm várias. Muitas metodologias para as muitas diferenças que se apresentarão.

A lei diz que as classes especiais existirão concomitantemente às classes “convencionais”. O trânsito do aluno especial em ambas as classes está garantido. A diversidade ensinará tolerância e cooperação. Os alunos que aprendem com mais facilidade em alguns aspectos, perceberão que podem ajudar mais. Os alunos com dificuldades maiores, perceberão que podem trocar experiências únicas. Superar a deficiência visual para aprender os conteúdos escolares, é similar a superação do professor que tem que ensinar quem não vê, sem ter a experiência da cegueira.  O professor vai ter que reaprender seu ofício. Todos terão que aprender e todos terão que ensinar.

De alguma forma todos somos deficientes e precisamos ser incluídos. A escola é apenas mais um veículo de inclusão.

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