segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O perigo de ser gerente.

Prof. Amilcar Bernardi



“Disciplina” é ordem imposta ou consentida (autodisciplina) que vem a favor do melhor funcionamento de uma organização. Podemos aqui entender “organização” biológica (nosso corpo) e psicológica. Disciplinar para submeter as paixões (afetos como medo, amor, irracionalidades...) em nome de um sistema de valores estabelecidos. 
 
Comer melhor para ter um corpo melhor. Gerenciar o tempo para que este renda mais. Cuidar da higiene mental em busca do melhor desempenho. Quantificar e disciplinar a vida para que esta seja mais produtiva. De cima da razão nós - gerentes da vida - observamos nossas emoções para regrá-las. Pessoa boa é aquela disciplinada, regrada, lucrativa.
 
“Gerente” é a pessoa que administra negócios, bens e serviços em busca da maximização de resultados. Administra com a autoridade de quem sabe e pode; governa evitando percalços ou falhas nos planos. Confere tudo para manter tudo sob controle: estabilidade!
 
Os gerentes entendem que sucesso é ser organizado e mentor de suas próprias metas, é ser gerente da vida e dos desejos. O descontrole é o caos, o inferno de Dante. O imprevisível é o diabo! A dor de perceber a vida como expressão de liberdade, como algo incalculável e imprevisível gera estresse. Horror: ser livre pressupõe indeterminação! 
 
Os não-gerentes contestam: Quanta maluquice usar a disciplina para fugir da contingência! Fugir da vida no autorregramento. Esquizofrenia cartesiana! 
 
Hoje estou rebelde! Sinto-me um opositor, um resistente à ordem estabelecida pela sociedade que organiza tudo para o lucro. 
 
Gostaria hoje de sugerir o desregramento de um grande amor. Gostaria de incentivar a imprevisível grande ideia que do ócio surgiu. Vamos desestabilizar para sermos criativos. Criativos! A capacidade criadora está no intangível, na liberdade e na angústia da escolha!
 
Gerentes disciplinados: há tempo para tudo... até para a indisciplina.
Perdão amigos, este é um escrito de quem está muito estressado.

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Poder e violência. Coisas distintas.