segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

RESENHA DO JOHN A. HOBSON - Imperialismo

Prof. Amilcar Bernardi



O Imperialismo é a política de expansão e domínio territorial, cultural e, principalmente econômico de um país sobre outro. Notadamente ocorreu no final da época da revolução industrial. Evidentemente que havia enormes interesses dos capitalistas, mas travestiu-se esses interesses de uma missão evangelizadora sobre os povos não cristãos (povos indígenas e áfrica). Os Europeus entendiam-se como possuidores de uma cultura superior e detentores da religião.
Na segunda metade do século XIX, países europeus como a Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Itália, eram considerados grandes potências industriais. Na América, eram os Estados Unidos quem apresentavam um grande desenvolvimento no campo industrial. Todos estes países exerceram atitudes imperialistas, pois estavam interessados em formar grandes impérios econômicos, levando suas áreas de influência para outros continentes. 
O que acontecia é que os povos mais fortes em tecnologia, capital e armas apoderavam-se de vastos territórios. As colônias rendiam muito, pois compravam os produtos da metrópole (produtos industriais) e sustentavam a Europa com as matérias primas que os capitalistas europeus precisavam.
No final do século XIX e começo do século XX, a economia mundial viveu grandes mudanças. A tecnologia da Segunda Revolução Industrial (motores a gasolina e a diesel e eletricidade) aumentou ainda mais a produção, o que gerou uma grande necessidade de mercado consumidor para esses produtos. Os monopólios cresceram tanto que precisavam absorver os países dominados em busca da mão-de-obra barata e abundante e mercados consumidores. A maior parte dos capitalistas e da população dos países imperialistas acreditavam que suas ações eram justas e até benéficas à humanidade em nome da ideologia do progresso.
John Hobson foi um dos economistas que teorizou sobre o imperialismo.  Ele entendia que houve uma distribuição desproporcional da riqueza. Os capitalistas acumulavam muito e as classes mais pobres consumiam pouco.  Esse acúmulo de capital acabava sendo absorvido pela poupança. As elites para ampliar o consumo de seus produtos e para poderem consumir outros produtos, provocaram as ações imperialistas.

Para Hobson os interesses econômicos instigam os governos a praticarem o imperialismo no intuito de explorar economicamente outros povos. A ordem é drenar as riquezas dos outros países. Como já foi dito, havia outros interesses, não necessariamente econômicos, como os religiosos e os ímpetos militares.  Sob o ponto de vista moral, os governos não podiam assumir sua lógica notadamente capitalista. Então justificavam-se dizendo que suas intervenções internacionais desejavam a elevação moral dos povos mais atrasados. Segundo Hobson, o imperialismo não é algo cego, irracional. É, certamente, um planejamento das classes dominantes. Se há irracionalismo, ele é praticado pelas classes subalternas submissas às intenções das classes que efetivamente comandam.  Essas castas de privilegiados acumulam tanto capital que seu país de origem não é suficiente para aplicar seus recursos tanto em produção quanto consumo de bens luxuosos. Isso, como em um círculo vicioso, estimula a procura por novos mercados externos. O comando desse processo estava nas mãos dos grandes bancos e financeiras. Elas decidiam o futuro do planeta econômico. E deu tão certo que os responsáveis por essas instituições ficaram tão ricos que por mais que gastassem ficavam cada vez mais ricos. Investiam então na poupança e no crescimento do capital. Não havia espaço no seu país para investimento na produção. O consumo de tudo que fosse produzido era impossível. Tinham que produzir para o mundo.

(John Atkinson Hobson (Derby, 6 de julho de 1858 - 1 de abril de 1940) foi um economista inglês, crítico do Imperialismo. É um dos principais representantes do reformismo burguês. Deixou uma obra de mais de 30 volumes, dos quais os mais importantes são, A Evolução do Capitalismo Moderno, e o Imperialismo. Embora seja habitualmente considerado um marxista fabiano, Hobson sofreu influência de diversas correntes de pensamento, de Marx a Sombart e Veblen. Seu caráter profundamente herético fez com que sua obra, por sua vez, influenciasse autores tão pouco semelhantes como Lênin e Keynes.  Wikipédia, enciclopédia livre)

Quanto vale o que queremos trocar?

Prof. Amilcar Bernardi

Na origem do comércio (trocas de mercadorias) um problema era seguidamente
discutido. Quanto vale o que queremos trocar? Essa Questão era (e ainda é) de suma relevância numa sociedade capitalista onde tudo vale algo, ou seja, onde uma mercadoria será trocada por outra.
Historicamente foi feita uma distinção entre valor de uso e valor de troca. Percebeu-se que alguns produtos satisfaziam as necessidades da pessoa pelas características físicas do objeto produzido. Satisfaziam no sentido de poderem ser usadas para algo que era importante para quem precisava do produto.  O que é produzido, segundo este ponto de vista, orienta-se pelo interesse das pessoas.  Esse produto é pensado, então, pelo seu valor de uso.  Com o desenvolvimento do comércio é fácil imaginar que tal pensamento não era suficiente para satisfazer as necessidades conceituais do comércio crescente.  Para que o excedente de produção fosse crescente era necessário que o produto fosse trocado não por outro de acordo com a necessidade, mas que um bem pudesse ser trocado por outros bens ou por dinheiro seguindo não mais os ditames do uso imediato.  Evoluiu o pensamento ao conceituar outro tipo de valor, o valor de troca. Este era não mais determinado pela satisfação das necessidades da pessoa, mas sim pela possibilidade de trocar algo por moeda e esta por outros produtos. Os produtos eram então adquiridos por desejo apenas ou ainda pela necessidade.
O valor de troca segue a fórmula: produto - moeda -  produto (num infinito ir e vir). A produção distancia-se do consumo imediato sendo mediada pelo mercado. Essas trocas impessoais passam a medirem-se pela lei da oferta e da procura. 

Características do capitalismo


Prof. Amilcar Bernardi

O capitalismo possui algumas características que o diferenciam dos demais sistemas econômicos.
 Uma das características refere-se a produção de mercadorias. Aqui podemos ressaltar que os produtores não têm interesse imediato no valor de uso do que foi produzido, mas sim, em seu valor de troca.  Dizemos “valor de troca” por que o dinheiro arrecadado com a venda de um produto é desejável porque pode ser trocado por outros. No capitalismo, portanto, produzimos não porque precisamos diretamente do que foi produzido, mas produzimos em vista de outros produtos que desejamos. Dessa forma, até o trabalho humano torna-se mercadoria; tudo se volta para a produção não como um fim em si mesmo, mas para trocas. Inclusive, na sociedade capitalista, somos obrigados a travar relações com pessoas que não conhecemos, para que possamos vender nossa mercadoria-trabalho ou para fazermos trocas impessoais.
Ora, para que vendamos nosso trabalho, é preciso que os meios de produção não sejam nossos; e que quem os possua compre nossa capacidade de trabalho. Sem a propriedade privada dos meios de produção não pode haver essa relação. O capitalismo, portanto, precisa que alguns poucos tenham a propriedade dos meios, e outros tantos tenham apenas a capacidade de trabalho. Todos não podem usufruir igualmente da propriedade. A partir daí, os proprietários não mais precisavam ater-se diretamente à produção. Era suficiente gerenciar o que lhe pertencia. Esse gerenciamento fez com que o excedente produzido fosse apropriado pelo capitalista de forma crescente. Os trabalhadores não tinham controle algum sobre o produto do seu trabalho nem sobre os meios de produção.
Outro elemento importante nos primórdios do capitalismo, era a ideia de que o trabalho comprado do trabalhador valha a pena, ou seja, aquilo que o trabalho produz gere excedente ao capitalista. O salário do trabalhador não pode consumir o valor do que ele produz. Então, para que houvesse excedente, as pessoas viviam com salários que as deixavam na pobreza extrema. No capitalismo sempre houve o fenômeno do desemprego e da pobreza. Para evitar ambos, o trabalhador aumentava sua jornada de trabalho na tentativa de receber um pouco mais. A pessoa perdia autonomia, não mais era dona de si mesma. Não podia escolher hora de trabalho, salários ou o ritmo da produção.